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Ser professora, hoje! Quando tinha 5 anos gostava de ser cabeleireira ou cantora! Passava as horas a mexer nos cabelos das amigas da minha mãe que ficavam à conversa nos fins de semana, ou dava espetáculos à frente dos espelhos lá de casa e no quintal, para a vizinhança. Aos oito anos, de forma incipiente, revelou-se a minha propensão para ensinar, já que, na minha cabeça inocente de menina, era inconcebível não saber ler nem escrever, como acontecia com as minhas avós, e, desejei mostrar-lhes a magia da descoberta através da leitura… Esta determinação em tornar-me professora tornou-se mais consistente quando iniciei o ensino secundário e conheci professoras que marcaram o meu caminho: a professora Maria do Carmo Castelo Branco, a professora Aida Santos e a professora Maria Elisa Gomes da Torre. Seduziram-me as palavras mágicas dos grandes nomes da literatura, a música das aliterações, onomatopeias, assonâncias da linguagem poética, as similitudes, analogias, as relações paradoxais ent
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Memórias do Diogo: algumas histórias de menino… No dia quatro de julho, Nasceu Diogo José!!! Era um menino calmo Gostava de estar em pé…   Um sinal do avô Sérgio, na bochecha foi herdado, e o cabelo castanho claro de um galego emigrado.    Com a avó de São José, Salvé Rainha aprendeu, do santo padrinho o nome, que é do pai também é seu.   Da mãe possui o cabelo ondulado, bem sedoso e como o avô António é do FCP - vaidoso.   Logo no primeiro ano, tinha grande adoração... subia e descia escadas, sem olhar à proteção!!   E a tia acompanhava-o sempre muito autoritária, não fosse aprender a ler, antes da escola primária.   (Grande foi a maratona, e não foi menor surpresa, vê-lo a dormir na carpete co'a chupeta inda presa…)   Na piscina improvisada, nunca queria mergulhar e a Inês implicativa, gostava de o gozar…   A

Gala da Ciência - PNA

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  Gala da Ciência A Ciência que se faz por cá! “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse.” Por isso, “Haja ou não haja frutos, pelo sonho é que vamos.” Porque o sonho “é tela, é cor, é pincel, base, fuste, capitel, arco em ogiva, vitral, pináculo de catedral, contraponto, sinfonia, máscara grega, magia” Porque o sonho é “passarola voadora, para-raios, locomotiva, barco de proa festiva, alto-forno, geradora, cisão do átomo, radar, ultrassom, televisão, desembarque em foguetão na superfície lunar.” Porém… a Obra nem sempre nasce perfeita , Quando “Niels Armstrong pôs os pés na Lua, cá de longe”, a Terra recusou ver a verdade crua, A Humanidade inteira, com o coração pequeno e ressequido, não viu que somos apenas “Um ponto, no infinito”. A Humanidade inteira, com o coração pequeno e ressequido, não viu que há gente que  “anda pelos andaimes e que vai para casa Por vielas quase irreais de estreiteza e podridão. (

Regressos

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Protótipo de cozinha tradicional, Malta 2020 Sempre que visito a terra que me recebeu depois de ser desenraizada, fica um incómodo, uma incompletude, um não ser,   mas também uma ternura singular de um regresso às origens. O Castedo representa ainda, na minha vida, aquilo que de melhor ou de pior me construiu como pessoa. Se, por um lado, o   rigor das estações e o caráter agreste das tarefas e das gentes me incutiram a inflexibilidade perante a adversidade, por outro, o afeto peculiar por algumas figuras eminentes da freguesia (que já partiram   ou que o tempo vai degradando) e pela Malta da minha geração (que raramente regressa, por circunstâncias variadas ou por (des)encontros imprevistos)   continua a propiciar um certo estado edênico de felicidade, sem regresso. Cheguei ao Castedo no dia 26 de julho de 1975, na companhia da minha mãe e do meu irmão. Tínhamos aterrado em Lisboa na noite anterior, depois de uma semana a dormir no aeroporto de Luanda, porque havia recolher obri

À Maria do Céu Tostão

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  À Maria do Céu Tostão, minha amiga de eleição!   De Alfena a Águas Santas Contam-se décadas de viagens, partilhadas entre ambas!!!   Viagens de emoções... De um novelo bem enrolado, num casulo de paixões! Viagens em espaços perdidos, De vidas atribuladas de mão dada com os perigos! Viagens pela sabedoria, Herdeira da grega Clio, musa da historiografia! Viagens de tempos de glória Festivos e celebrados com cervejas de vitória! Viagens em botes atracados Inquietos em consumar os teus sonhos adiados!!   Parabéns, por mais esta nova viagem da rota solar! Ermesinde, 16 de agosto de 2021  
  À Minha Sobrinha Maria Inês (sem lirismos nem peneiras) Desvelos da primeira infância Antes de conheceres a luz do dia, os teus pais tinham permitido que eu escolhesse o nome para a minha primeira e única sobrinha. Propus Inês, já que seria esse o nome escolhido se o João tivesse nascido uma menina…Um nome que simbolicamente estava associado a alguém frágil, casto, calmo, mas independente… Nasceste em janeiro, mês de noites gélidas e de dias curtos e sombrios, propícios à calma e ao aconchego… No entanto, a tua chegada trouxe um grande vigor e, acima de tudo, energia a toda a família… Quando te vi pela primeira vez, eras um “feijãozinho” bem pequenino e tranquilo, que se acomodava facilmente ao colo… Fiquei enternecida, cheia de esmeros e de devaneios para a primeira menina da família! Achei que, finalmente, iria poder usufruir de um contacto mais direto com o mundo feminino de folhos e lacinhos… Longe estava de conhecer a tua resistência e determinação… Momentos

Bodas de Ouro da Cecília e do Sérgio

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Bodas de Ouro da Cecília e do Sérgio Conheceram-se  em criança!… Parece que ele a viu nascer… Trocaram cartas discretas, Sem a família saber!   Mais tarde, para terem Uma vida em comunhão, Deixaram a terra e os pais… E casaram por procuração!   Já ele tinha voltado da guerra, … E ela, cortado a trança … Aquela terra africana Fez nascer neles a esperança   Foram anos de surpresas, Solidões e ousadias, Mas a filha e a Fineza Não trouxeram alegrias…   Alguns anos mais tarde Nasce o Vítor remeloso Caiu da cama para o chão Por ser mexido e buliçoso.   Depois, foi a época do Fiat E as tardes a mudar velas, Dos jogos nos Coqueiros E das longas radionovelas   Um surpreendente Imprevisto Trá-los de regresso a casa Sem sonhos, sem dinheiro Sem auxílio na desgraça!   Fixaram-se, depois, no Porto E entre, fadigas e desilusões Construíram um império De bainhas, alças e botões!   Foram anos de almoços Em tempos desencontrados Foram cardos, foram rosas Depois dos filhos criados   Chegaram mais tarde